Lotus Elan




1962 - 1973

  • O Elan foi, sem dúvida, o carro que consolidou a Lotus como construtora de carros desportivos. A marca tinha já muita fama nas corridas, mas os seus carros eram demasiado crus para obterem sucesso comercial. Sem abdicar dos seus princípios, o mago Colin Chapman projectou então um carro que viria a fazer história e a tornar-se um exemplo entre os desportivos de todo o Mundo, graças a um desempenho fora de série, tendo em conta o seu tamanho.
  • Lotus Elan Type 45
    O Elan foi o primeiro dos carros em que o mago da Lotus, Colin Chapman, decidiu fazer algumas concessões, construindo um automóvel menos espartano e exclusivamente dedicado às corridas do que os anteriores.
    Mas, Chapman, apesar de estar decidido, até, a utilizar melhores materiais e uma qualidade de construção superior, não queria abdicar de uma máquina com elevado desempenho dinâmico.
    Por isso, revelou todo o seu génio, recorrendo a soluções técnicas que lhe permitiram manter-se fiel às suas ideias sobre os automóveis, que deviam ser leves e simples.
    Para isso, concebeu um chassis inovador para o Elan, constituíndo por uma espécie de dois "Y", ligados pela base. Fabricado em aço e com os braços dos "Y" virados para as extremidades do carro, Chapman conseguiu utilizar esses braços para albergar as suspensões, colocando o motor entre os da frente e o diferencial entre os de trás.
    O motor começou por ser uma evolução do propulsor de 1,5 litros e quatro cilindros da Ford, no qual foi montada uma cabeça de alumínio, com dois veios de excêntricos. Este primeiro motor oferecia 100 cavalos de potência, mas, passado pouco tempo, a cilindrada foi aumentada para 1,6 litros, e a potência para 105 cavalos.
    Graças ao baixo peso (menos de 600kg) o Elan conseguia performances fora de série e rapidamente se transformou num sucesso comercial. A versão original, o Type 45, teve várias evoluções até 1973 e, mais tarde, a Lotus construiu mesmo os seus sucessores, dando continuidade ao nome do modelo.
  • Suspensão inovadora
    O pequeno Lotus Elan tinha um comportamento dinâmico impressionante, muito melhor do que a sua configuração poderia deixar antever. O segredo estava, para além da grande rigidez do chassis, nas suspensões, que eram muito evoluídas.
    Na frente, Chapman optou por molas helicoidais e braços de diferentes comprimentos, enquanto na traseira foram montadas suspensões directamente derivadas da competição. Mais concretamente, tratava-se dos conjuntos mola e amortecedor utilizados no Lotus Type 12, um monolugar de Fórmula 2.
  • Colin Chapman
    Nasceu em 1928 e é considerado um dos magos da criação de automóveis, especialmente no que toca às performances elevadas. Colin Chapman fez história no automobilismo, quer no que diz respeito a carros de produção quer na área da competição, nomeadamente na Fórmula 1. Figura carismática, tinha como princípios básicos a simplicidade e a leveza. Para os atingir, não hesitava em recorrer a qualquer caminho, desde a criatividade à inovação, sempre com frieza e objectividade impressionantes.
    Chapman foi, ao fim e ao cabo, um homem de soluções radicais, que lhe granjearam fama e, frequentemente, complicações, ao ponto de a sua morte, em 1982, estar ainda hoje envolta em indecifrável mistério.
    O homem que inventou o "carro-asa" na Fórmula 1 e, mais tarde, o polémico duplo chassis "super kart", que não chegou a correr, começou por produzir pequenas séries de carros desportivos, muito leves e eficazes, graças a inúmeras inovações, mas que tinham a fama de serem pouco fiáveis. Sem abdicar do prazer da condução desportiva, Chapman tratou, então, de utilizar materiais de melhor qualidade e de construir os seus carros com mais cuidado.
    Como seria de esperar, Chapman viu-se, nesta fase, a que corresponde precisamente o Elan Type 45, a braços com um aumento de peso significativo, pelo que teve de recorrer a soluções de engenharia inovadoras para o combater e para manter a eficáacia dinâmica dos seus carros.
    A sua criatividade e radicalismo na forma como tomava decisões tornaram-se, depois, mundialmente conhecidos quando Chapman chegou ao palco privilegiado da Fórmula 1.
    As guerras de Chapman com a autoridade desportiva constituíram verdadeiros folhetins, ao ponto de, sempre que a Lotus apresentava um novo monolugar, a polémica estava instalada, já que a legalidade das inovações era logo questionada.
    E a verdade é que Chapman era também mestre em explorar ao máximo a regulamentação, aproveitando omissões e falhas para fazer carros ganhadores, que foram guiados por pilotos famosos, como Jim Clark, Emerson Fittipaldi, Ronnie Petterson, Mario Andretti, Ayrton Senna e Alex Zanardi, entre outros, como o português Pedro Lamy.
  • Carroçaria futurista
    Apesar de se identificar perfeitamente com os roadster da sua época, o Elan Type 45 possuía uma carroçaria com aspectos inovadores, que contribuíam significativamente para as boas perforamances do carro, especialmente no que toca a velocidade máxima.
    De facto, a eficácia aerodinâmica era conseguida não só pela forma do carro, mas, também, à custa de pormenores importantes, como os faróis escamoteáveis, ou os pára-choques incorporados na carroçari - sem dúvida uma inovação que, por vezes, passa despercebida. De facto, o Elan não tinha os grandes pára-choques cromados habituais na época, utilizando, pelo contrário, elementos que constituíam como que um prolongamento da carroçaria, como acontece actualmente.
  • Sempre a evoluir
    A evolução do Elan foi quase contínua. Muito pouco tempo depois de o carro ter sido lançado, o motor, de origem Ford, sofreu um pequeno aumento de cilindrada e passou a debitar mais cinco cavalos.
    Depois, em 1965, surgiu uma versão coupé, cujo propulsor debitava 115 cavalos, conseguindo levar o pequeno Elan a uma velocidade máxima de 198 km/h.
    Em 1968 surgiu a mais potente de todas as versões, o S4 Sprint, que tinha uma decoração inspirada na dos carros de Fórmula 1 da marca. O motor debitava 126 cavalos e ditou o recurso a uma bossa no capot. A carroçaria tinha outras pequenas alterações, para albergar, por exemplo, pneus significativamente mais largos.
  • Características técnicas

    Motor
    Distribuição---------------------------dois veios de excêntricos à cabeça
    Tipo--------------------------------------quatro cilindros em linha
    Cilindrada------------------------------1588 c.c.
    Diâmetro x Curso-------------------82.5x72.75 mm
    Alimentação--------------------------dois carburadores duplos
    Potência-------------------------------105, 115 e 126 cavalos entre as 6000 e 6500 rpm
    Carroçaria
    Tipo--------------------------------------roadster e coupé de dois lugares
    Distância entre eixos--------------213 cm
    Peso-------------------------------------desde 600 kg
    Performances
    Velocidade máxima----------------de 185 a 200 km/h
    Aceleração----------------------------n/d