Ferrari 250 GT


1956 - 1966

  • A designação 250 GT abrange várias versões Ferrari, de características distintas. O carro, como a maioria dos desportivos da época, nasceu para a competição. Mas, acabou por se transformar, também, num luxuoso automóvel desportivo de estrada. Em comum, estas versões distintas tinham apenas um motor V12 com três litros de cilindrada e uma carroçaria criada pela Pininfarina, em finais de 1954.
  • Ferrari 250 GT
    Por estranho que pareça, bem pode dizer-se que o Ferrari 250 GT nasceu da competição e... para a competição, embora se tenha tornando, também, um luxuoso carro de estrada.
    De facto, na sua origem esteve uma versão fechada de Pininfarina, em 1953, da Berlinetta que vencera as célebres Mille Miglia.
    A Ferrari fazia habitualmente uma versão do carro de corrida que vencia essa clássica italiana e apelidava-a de MM. O 250 vem de outra tradição da Ferrari, de relacionar o nome do modelo com a capacidade de cada cilindro - o motor do 250 MM era um V12 com três litros.
    Foi esse carro que Pininfarina carroçou com grande sucesso e que manteve, quando da apresentação da versão de estrada, em Paris, no final de 1954, a cilindrada de três litros.
    Isto porque, nascido das corridas, estava também a elas destinado, já que, no ano seguinte, a categoria GT foi reservada a carros com motores até essa capacidade. E Enzo Ferrari sabia que só tinha a ganhar se oferecesse aos seus clientes uma boa base para correrem nessa categoria.
    Não se enganou. O 250 GT conseguiu um palmarés impressionante, pilotado tanto por profissionais como por amadores.
    Um dos seus grandes trunfos foi a relação peso/potência muito boa. Com apenas 960 kg e, em certas versões, cerca de 280 cavalos, o 250 GT tornou-se quase imbatível na sua categoria.
  • Tour de France
    O 250 GT tem um palmarés impressionante, batendo frequentemente a concorrência mais poderosa. Entre as suas vitórias destacam-se as nove no Tour de France, prova muito conceituada na altura. O 250 GT começou por vencer na sua versão "normal", depois na mais curta, a SWB, e nos últimos dois anos foi já a segunda evolução, o GTO, a triunfar. Mesmo o Lusso conseguiu alguns triunfos, pois apesar de se tratar de um carro de estrada, bastava a retirar-lhe os pára-choques para o transformar numa fera das pistas.
  • Motor exemplar
    Quando o carro que serviu de inspiração ao 250 GT venceu as Mille Miglia, em 1952, ninguém sabia ao certo qual a potência do motor de três litros - um V12 a 60 graus, concebido por Gioacchino Colombo.
    Tratava-se, evidentemente, de um propulsor muito "puxado" e ficou logo claro que poderia ter grande futuro.
    De facto, se a carroçaria muito leve do 250 GT fazia maravilhas, grande parte do potencial do carro provinha do propulsor, capaz de debitar 240 cavalos na sua versão de estrada. Os carros de competição chegavam aos 280 cavalos (preparados para pista) e, no GTO, o motor passou a oferecer cerca de 300 cavalos nas corridas e 250 em estrada.
  • Enzo Ferrari
    Enzo Ferrari nasceu em 1898 e cedo se interessou pela competição automóvel. No entanto, nunca passou da mediania como piloto.
    Mas, por outro lado, revelou-se um gestor de grande qualidade e um criador brilhante no que toca a carros desportivos.
    Rapidamente deixou de ser piloto, para passar a gerir a sua própria equipa de competição, que fazia correr carros de outras marcas, especialmente da Alfa Romeo, cujo departamento oficial de competição acabou por liderar.
    Mas com a Segunda Grande Guerra chegou, também, o termo da sua ligação à marca de Milão. Quando o conflito terminou, as fábricas dos principais construtores italianos estavam destruídas e Enzo Ferrari utilizou o dinheiro que a Alfa Romeo lhe dera como indemnização para comprar terrenos em Modena e reconstruir as suas próprias instalações.
    Depois, Enzo Ferrari começou a ganhar corridas e teve o discernimento de transformar esses triunfos num negócio de desportivos de estrada, abrindo, por exemplo, um stand em Nova Iorque e conquistando o mercado americano.
    Mesmo assim, competir ao mais alto nível, construindo os melhores carros e pagando aos mais cotados pilotos do Mundo, sempre teve os seus custos. As dificuldades económicas eram muitas e Enzo Ferrari compreendeu que não poderia sobreviver sem se aliar a um grande construtor generalista. Em 1968, vendeu a maioria das acções da Ferrari à FIAT, assegurando a pujança da sua empresa, que ainda hoje continua a ampliar um palmarés desportivo e uma reputação de construtora de carros de sonho, que são ímpares já há muitos anos.
    Enzo Ferrari morreu em 1988. 
  • Versões SWB e Lusso
    Em 1959, Enzo Ferrari decidiu que o 250 ainda tinha muito para dar. Precisava, em sua opinião, de ser mais curto, para se tornar mais competitivo em relação à forte concorrência, especialmente por parte da Aston Martin.
    Assim, o chassis foi encurtado 20 cm, passando para 2,4 metros exactos, e nascendo o Short Wheel Base, mais conhecido por SWB, que voltou a colocar o 250 numa posição de quase imbatível em corrida.
    Isto porque, da produção total do SWB - 200 unidades -, alguns exemplares, os poucos destinados à competição, foram construídos em alumínio e "despidos" de tudo quanto pudesse representar peso supérfluo.
    Aos restantes - a maioria - foi dada a designação Lusso. Tratou-se, na realidade, da primeira versão de um carro destinado à estrada, que viria a ter uma segunda "série" em 1962, derivada já do 250 GTO, que nesse ano substituiu nas pistas o SWB.
    O 250 GT/L - assim se chamava e apesar de ser conhecido por Lusso esta designação não era oficial - mostrava-se realmente mais civilizado do que o seu "antecessor", que, apesar de eficaz, não passava, afinal, de uma espécie de modelo competição-cliente, com carroçaria em aço.
    O "novo" Lusso tinha a mesma distância entre eixos do SWB e do GTO, partilhando com o primeiro a suspensão e a caixa de quatro velocidades, e com ambos os travões Dunlop nas quatro rodas.
    Mas, no interior, era muito mais luxuoso, patenteando, mesmo, um esforço para amenizar a tradicional crueza dos Ferrari.
  • Características técnicas

    Motor
    Distribuição---------------------------n/d
    Tipo--------------------------------------12 cilindros em V
    Cilindrada------------------------------2953 c.c.
    Diâmetro x Curso-------------------73x58.8 mm
    Alimentação--------------------------três carburadores duplos
    Potência-------------------------------280 cavalos às 6600 rpm
    Carroçaria
    Tipo--------------------------------------n/d
    Distância entre eixos--------------260 cm
    Peso-------------------------------------960 kg
    Performances
    Velocidade máxima----------------270 km/h
    Aceleração----------------------------n/d